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| Joaquim Novais Teixeira. (Retrato gerado por IA) |
A entrada de um novo ano é tempo de balanço do ano que foi (já tivemos anos melhores, há que dizê-lo) e de fazer planos para o futuro. No calendário, costumam registar-se as efemérides a celebrar no ano que se segue. Aqui fica meia dúzia de acontecimentos que se destacam do calendário das evocações de 2022.
Sesquicentenário da “questão do Seco”.
No dia 11 de fevereiro de 1872, um juiz prepotente decretou a suspensão provisória ao advogado
Avelino da Silva Guimarães, à altura em funções como presidente da Câmara, que
questionara os seus procedimentos na administração das crianças expostas. A reação
à suspensão marcou um momento de viragem na atitude dos vimaranenses perante as
iniquidades dos poderes que lhes eram impostos de fora. Naqueles dias, Francisco
Martins Sarmento, saiu do recato dos estudos e não esteve com meias medidas: fundou e financiou um
jornal, A Justiça de Guimarães, que deu voz a uma violenta
campanha contra o juiz Seco. Quando a Relação do Porto anulou a
suspensão imposta ao prestigiado advogado vimaranense, a cidade festejou com uma filarmónica nas ruas, foguetes — e alguns petardos, que
rebentaram junto à residência do juiz. Em agosto, quando o juiz Francisco
Henriques de Sousa Seco foi obrigado a retirar-se de Guimarães, a cidade
acompanhou a sua saída com uma festa ruidosa.
IV centenário do Torcato
Peixoto de Azevedo
No
dia 2 de maio de 1622 nasceu o padre Torcato Peixoto de Azevedo. Genealogista
com vasta obra que deixou inédita, é o autor das Memórias Ressuscitadas da
Antiga Guimarães", a mais bela monografia que até hoje foi escrita sobre
Guimarães, a sua história e o seu património. Só seria impressa em 1845, depois
de ter sido plagiada por diversos autores, e em especial pelo Padre Carvalho da
Costa, na parte da sua Corografia em que tratou de Guimarães.
75
anos do incêndio e reconstrução da praça de touros
No
dia 28 de julho
de 1947, o incêndio que destruiu a praça de touros a inaugurar nas festas
Gualterianas, que se iriam iniciar poucos dias depois, esteve na origem de um
movimento espontâneo dos vimaranenses, que escreveram “uma das mais belas
páginas da história desta terra”. A praça de touros, que levara sete meses a
erguer, foi reerguida em cinco dias. “A nossa gente é assim”, é o título do
poema que Delfim de Guimarães dedicou a este “milagre de coragem e forte
querer”.
II centenário do Azemel
Vimaranense
Em outubro de 1822, começou
a ser publicado em Guimarães o jornal Azemel Vimaranense, um dos mais
antigos periódicos portugueses e o primeiro do Minho. Apareceu aquando do
juramento da Constituição Liberal e desapareceu em maio do ano seguinte, na
sequência da Vilafrancada, insurreição absolutista liderada por D. Miguel. Fundado
por liberais convictos, que seriam perseguidos pelos absolutistas, durante a Guerra
Civil, teve como principal animador José de
Sousa Bandeira, escrivão do judicial da comarca de Guimarães, pioneiro do
jornalismo português.
Cinquentenário
da morte de Novais Teixeira
No dia 7 de novembro
de 1972, faleceu em Paris Joaquim Novais Teixeira, escritor,
jornalista, cinéfilo e democrata que nasceu em 1899, na praça da Oliveira, e emigrou
para Espanha antes de completar 20 anos. Em Madrid, depois em Paris e no
Brasil, frequentou os círculos políticos, literários e
artísticos. Foi secretário de Manuel Azaña, presidente da
República espanhola. Notabilizou-se como jornalista e analista de política
internacional e como crítico de cinema, tendo integrado os júris de diversos
festivais internacionais. Cidadão do mundo, quando lhe perguntavam de onde era,
Novais Teixeira respondia: Sou de uma pátria pequenina e
sólida chamada Guimarães.
Centenário do Vitória
O Vitória Sport Club foi
criado em 1922, por um grupo de jovens encabeçado Mariano Fernandes Felgueiras,
que seria o seu primeiro presidente. Não se conhecendo a data em que terá sido
fundado, a notícia mais antiga que se lhe refere data de 17 de dezembro e
anuncia aquele que poderá ter sido o primeiro jogo que disputou.
António Amaro das Neves

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